quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mais conflitos entre madeireiros e comunidades no Pará

O ano começa com mais violência no oeste do Pará.Logo na primeira semana de 2010, os moradores da comunidade de Santa MAria do Urará, que pertence ao município de Prainha, foram surpreendidos por uma rajada de tiros vinda de um barco que abria caminho para 5 balsas carregadas de madeira. Dois comunitários foram atingidos. Alguns dias depois, a casa de uma das lideranças foi invadida e queimada.
Desta vez a desavença teve início após 300 comunitários impedirem a passagem de balsas no rio para pressionar as autoridades a agirem contra a retirada ilegal de madeira da Reserva Extrativista Renascer. Os comunitários já tinham alertados as autoridades sobre o escoamento de recursos da reserva sem autorização. Após a realização de quatro audiências públicas para intermediar o caso, a juíza decidiu impedir que os madeireiros retirassem a madeira estocada nas balsas e no pátio. E os madeireiros apelaram para a violência.
A exploração ilegal de madeira na região se acentuou depois da criação da reserva extrativista Verde para Sempre, em 2004, no município de Porto de Moz, área vizinha da futura Renascer. Parte da ilegalidade que existia em Porto de Moz foi transferida para os rios Guajará e Uruará, usados para escoar a madeira através de balsas e local dos conflitos deste ano.
Essa não é primeira vez que comunidades e madeiros entram em choque no local. A falta de passos concretos na implementação da resex e do combate a madeira ilegal contribuem para o quadro de conflito. EM 2006, comunitários atearam fogo em uma balsa carregada com toras de madeira extraídas ilegalmente da reserva. Segundo o Conselho Popular da região do Uruará, na época, mais de 12 madeireiras exploravam a floresta ilegalmente e usavam o rio Uruará para transportar as toras até o rio Amazonas. O estopim do confronto foi a morte de um jovem da vila de Santa Maria do Uruará, atropelado por uma carreta de uma das empresas.
A Reserva Extrativista Renascer foi decretada pelo Presidente Lula, em 05 de junho de 2009. A área da resex tem aproximadamente 400 mil hectares e abriga cerca de 600 famílias. Reservas extrativistas são áreas protegidas por lei, reconhecidas pelo governo federal, que garantem que as famílias que moram no local explorem os recursos naturais da região de forma limitada e organizada.

Fonte: Greenpeace