terça-feira, 22 de setembro de 2009

Seminário discute a relação de ONGs com o setor privado

Promovido por Abong e Oxfam Internacional, foi realizado nos dias 1 e 2 de setembro, em Brasília, o seminário “Brasil: Movimentos e Organizações Sociais e sua relação com Setor Privado”. O objetivo do encontro foi apresentar as diversas experiências dos movimentos e organizações sociais com o setor privado empresarial e a partir daí refletir sobre estratégias de ação.
Durante os dois dias de debate, grandes espaços de luta foram explorados para trocar suas experiências e apontar possíveis diálogos ou enfrentamentos com o setor privado. Temas como participação popular, questão agrária, meio ambiente, controle social e defesa de direitos, foram debatidos.
Durante o primeiro dia foram apresentadas as dificuldades e acertos do processo participativo nos Conselhos de Políticas Públicas, e da relação destes sujeitos com empresas e governos. “Precisamos ter a capacidade de analisar a situação e pensar nas possibilidades de negociação” diz Veruska Franklin, ex-conselheira do Conselho das Cidades. Para Sergio Haddad, da Ação Educativa e conselheiro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Cdes), “nunca houve tantos espaços de participação, e isso é um ganho histórico, mas ainda falta, é um processo”.
Para os movimentos sociais do campo não há diálogo com as empresas multinacionais, afinal elas são os motores do modelo do agronegócio que agrava a desigualdade no país e coloca as famílias do campo em situação de dependência. O Estado tem dever de regulamentar e controlar a atuação destas empresas. E deve criar alianças com outros movimentos para mobilizá-los na luta pela reforma agrária e na defesa da agricultura familiar. Para Maria da Graça Amorim, da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Família do Brasil (Fetraf) deve haver uma mudança de cultura. A luta do campo tem que ser abraçada pelos demais movimentos e pelas populações das cidades. “Quem é que come o que produzimos? Aí está a possível parceria entre os movimentos agrário e urbano”.
O último dia contou com a participação de organizações ambientalistas que contaram sua experiência com as empresas. Há algumas articulações que promovem o diálogo entre diversos setores da sociedade pela defesa do meio ambiente. Para Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA), o meio ambiente passou a ser oportunidade de negócio para as empresas e governos, é o controle dos recursos naturais. Esta é a perspectiva na qual as organizações devem pensar quando forem lutar pelos direitos ambientais, lembrar que a responsabilidade social das empresas ambientais é uma das mais comuns. Mas mesmo assim, não é possível resolver a questão ambiental se não houver uma interação com as empresas.
Por fim, todas(os) as(os) presentes apontaram que se deve pensar nos limites e riscos de um diálogo com as empresas e criar maior sinergia entre os diversos movimentos, pois a luta é a mesma, é de todas(os} e não pode ser setorizada. Para Lisa Gunn, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), isso significa “sair do nosso foco e sermos capazes de trabalhar de forma mais coordenada e conjunta”.

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